Chefe da Divisão da Armada António Lopes da Costa (1777-1859)

António Lopes da Costa e Almeida terá nascido entre 1776 e 1777, em Lisboa, no seio de uma família nobre, que privava com a corte e que lhe trouxe uma esmerada formação académica. Segundo de cinco filhos, foi batizado com o nome do seu avô materno, de-sembargador do Conselho de Sua Majestade. Nos dois anos que antecederam a sua entrada na Companhia dos Guardas-Marinhas, terá frequentado na Universidade de Coimbra os cursos de Matemática e Filosofia, cursos que, na época, eram complemen-tares na formação científica dos estudantes. Terminados os dois primeiros anos dos mencionados cursos, Costa e Almeida assentou praça, em março de 1797 na Academia Real dos Guardas Marinhas. Apenas quatro meses após ter sido Aspirante é promovido ao posto de Guarda Marinha, o que demonstra as suas capacidades intelectuais. Após um ano de embarque, desembarca para terminar os seus estudos na Academia dos Guardas-Marinhas. Concluídos os “Estudos Teóricos e Práticos”, foi promovido ao posto de 2o Tenente, por portaria de 16 de agosto de 1800, passados apenas cerca de 3 anos do seu primeiro contacto com a vida militar. Nos anos que se seguiram voltou a embar-car em diversos navios da Armada, desempenhando sempre as suas funções com honra, inteligência, boa conduta e perfeita subordinação aos seus superiores. Esta vida no mar intensa, vai-lhe trazer o comando da charrua Príncipe da Beira. Contudo, uma funesta situação a bordo de uma outra charrua, agora nas funções de oficial imediato, e embora sem qualquer responsabilidade, levou a que não voltasse a comandar. No entanto, não deixou de continuar a navegar, tendo transportado o Trem do Tesouro da Casa Real para o Rio de Janeiro, a bordo da fragata Fénix, que regressou ao Reino, em setembro de 1808. Em 1811, inscreveu-se na Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, com a finalidade de tirar o curso militar de artilharia. Contudo não iniciou o curso nesse ano, pois foi nomeado para constituir uma ponte de barcas sobre o Tejo, no âmbito da Terceira Invasão Francesa, e para comandante das Baterias de Barcas Canhoneiras. Em 1822, é dado como incapaz para embarcar por razões médicas, aca-bando por ser nomeado lente examinador de Artilharia Teórico-prática da Academia dos Guardas-Marinhas. Quatro anos depois é promovido a Capitão-tenente e nomeado cavaleiro da Ordem de S. Bento de Avis. Nos anos seguintes, não só exerceu funções de lente dessa cadeira, como também organizou e instalou a cadeira de Hidrografia e Geografia. Terá sido o seu interesse e empenho nos assuntos relativos ao ensino dos novos oficiais, através da participação em várias reformas da Academia de Guardas Marinhas, que a Rainha D. Maria Il lhe concedeu a honra de ser o primeiro comandante da Escola Naval, aquando a sua mudança de nome, estrutura e organização, em 1845. Importa realçar que, para além das suas atividades na Academia de Guardas-Marinhas, António Lopes da Costa e Al-meida integrou várias comissões no âmbito do ministério do Reino e, também, da Academia das Ciências de Lisboa, da qual foi sócio efetivo desde 1834. Desta academia recebe o grande desafio de reformar a obra do antigo Cosmógrafo-mor do Reino, Ma-noel de Pimentel, que não consegue concluir em vida. Entretanto promovido a Capitão-de-fragata, é eleito Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e foi ainda agraciado com a comenda de S. Bento de Avis, devido aos seus relevantes serviços literários. O final da sua carreira foi, em grande parte, passado entre a Acade-mia de Ciências e o Supremo Conselho de Justiça Militar, continuando a dedicar-se à investigação das ciências que o rodeavam. Acabou por falecer em Lisboa, já com o posto de Chefe de Divisão da Armada, no dia 13 de fevereiro de 1859.