175 anos da criação da Escola Naval

 Em 1779, o Ministro da Marinha, Melo e Castro, criava em Lisboa a Academia Real de Marinha destinada à formação académica dos oficiais das marinhas mercante e de guerra. O ensino era vocacionado essencialmente para matérias de índole teórica, não existindo qualquer componente de formação militar. Como este estabelecimento de ensino não era suficiente para desenvolver o devido enquadramento militar dos futuros oficiais da Marinha  militar, D. Maria I restaura a Companhia dos Guardas-M‑arinhas, por decreto de 14 de dezembro de 1782. Mencionava o Decreto, promulgado pela Rainha: "considerando o muito que convem ao meu real serviço, que na Marinha haja officiaes hábeis e instruídos para servirem com utilidade naquelle exercício."

A 1 de abril de 1796, D. Maria I criava a Academia Real dos Guarda-Marinhas, que integrou a Companhia dos Guardas-Marinhas, ministrando igualmente a formação científica até aí assegurada pela Academia Real de Marinha. Anos mais tarde, o diploma fundador da Escola Politécnica de Lisboa, de 1837, faz referência a uma futura reorganização do ensino naval, e estabelece a ligação entre a Academia de Marinha e a Escola Politécnica, através da cadeira de Trigonometria Esférica e Navegação, teórica e prática. Os anos seguintes são marcados por um aceso debate entre os defensores do "politécnico", que queriam manter a todo o custo o monopólio no ensino técnico, conservando nas suas mãos a formação do futuro oficial da Armada, e os que estavam ligados ao mar, argumentando que as matemáticas superiores, a Geometria, e outras disciplinas académicas, muito pouco, ou nada, serviam a quem tivesse tarefas de liderança e comando num navio de guerra.

Foi o relatório de uma Comissão, criada com o intuito de tornar o ensino naval independente, que levou à publicação de uma Carta lei de 23 de abril de 1845, criando a Escola Naval, e do decreto de 19 de maio do mesmo ano, em que esta nova instituição era regulamentada. Assim, por decreto de D. Maria II, a Academia Real dos Guardas-Marinhas passava a designar-se por Escola Naval, cujas instalações se manteriam no Terreiro do Paço, na antiga Ribeira das Naus, local simbólico, associado aos Descobrimentos.

A Escola Naval encontra-se atualmente no Alfeite, local onde se instalou em 1936, e continua, hoje como há 175 anos, a cumprir a sua missão, formando os futuros oficiais da Marinha, sob o lema que guia todos os que nela têm prestado serviço, "Talant de bien faire" (Vontade de bem fazer).


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